Mainstream media do meu coração,
Escrevo-vos de um lugar de carinho, partilha e aprendizagem.
Eu já estou habituada a que me atirem areia para os olhos quando batem muitas palminhas ao Governo ou nos dizem "vem aí a criiiise" "ai a troika vem salvar o poooovo!" "há que fazer sacrifícios". É uma desagradabilidade pegada, só vos digo. Arranha e eu tenho as córneas muito sensíveis.
Também estou resignada ao facto de se questionar pouco o mundo. Passo a exemplificar: a concessionária que gere a nacional que passa em Alcácer do Sal decide fazer obras de manutenção em Agosto, no mês de maior calor para quem trabalha e de maior transtorno para quem lá quer passar. O povo não está para isso e acaba por se enfiar na A2. E ninguém se questiona acerca de um possível conluio com a concessionária da auto-estrada. Sou a favor da imparcialidade da imprensa, mas um contraditório que ponha o povo a pensar nunca fez mal a ninguém.
Faria Karvela melhor? Provavelmente não.
Por isso me habituei e me resignei. Mas, amizades, carinhitos de sua titi, há momentos em que é Karvela quem sente os calos pisados, nomeadamente quando interferem com seu trabalho de tese.
E é por isto que, fofuchos, patinhos dónales, veementemente esclareço: em Portugal existem instituições de acolhimento de crianças e jovens. Em Portugal o número de órfãos é residual, até porque não estamos no séc. XIX nem num romance do Dickens. Há alguns catraios que têm pouca sorte e de facto os pais quinam, mas, uma vez mais, são números inexpressivos. Em Portugal há, maioritariamente, pais e mães que não o souberam ou quiseram ser e por isso as crianças são institucionalizadas por não se verificarem condições para estar junto da sua família biológica.
E é por isto que, macaquinhos do chinês, vos peço com, reforço, ternura (até porque não quero que façam má figura e eu estou aqui sobretudo para ser vossa pedagoga): parem de usar a palavra orfanato, caralho!
Com doçura me despeço,
Karvela
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