Gather round, children, it's time for profane slash religious July par-tay!

Adoro as festas da minha terra. Vejo gente que não encontro durante o resto do ano, há uma alegria estranha e bem-vinda no ar, mas - o senão da minha bela - chega uma vez mais aquela altura do ano na qual eu tenho a bonita tradição da largada de toiros na rua onde vivo. Ora, a largada de toiros consiste no seguinte:

1. Uma rua cheia de areia, trincheiras e aquilo a que algumas mentes esclarecidas decidiram chamar "burladeros", à falta de melhor palavra para "sítio onde nos escondemos do boi e fumamos umas coisas não pensando que há quem more no segundo andar e esteja a ver tudo".
2. Um boi.
3. Centenas de miufentos, cagufeiros e outras palavras que não existem.
4. Alguns curiosos.
5. Uma varanda invariavelmente vazia, a minha, fazendo as invejas de quem pensa no desperdício que é uma pessoa viver nesta rua e não apreciar o magnífico espectáculo de luz, cor e cheiros diversos que é uma largada de toiros.

Um boi à minha frente seria, de facto, coisa para me deixar não só com a cueca em pobre estado como me faria guinchar como uma colegial japonesa prestes a ser possuída por sete senhores de persuasão africana. Mas, meus amigos, gente da minha terra, parvóides, se o boi está no fundo da rua, não é por ele OLHAR para trás que vos vai atacar de imediato. Mas é isso que acontece: o bicho está a 50 metros e é ver uns cinco gordos a fugir, de mini na mão, tresloucados de encontro à trincheira.

E depois há os que só cá vêm para se mostrar. "Ah e tal estou aqui no meio da rua, vocês estão todos cheios de medo BOOOOOOOOOOOOOOOOOI!!!! mas eu não, eu sou super forte. Só estou aqui com a mão no burladero porque é para me apoiar BOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOI!!!!! Não tive medo nenhum. Que cheiro é este?"

Valha-me Nossa Senhora de Malhoa e São Toy, valha-me o acesso facilitado a bifanas no pão e a farturas, churros e outros fritos em óleo de 12 semanas, valha-me haver balões da Dora a Exploradora e roupa dos ciganos e cães a pilhas que ladram e saltam para trás. Valha-me haver uma banca onde se vende tudo a um euro, incluindo canivetes, corta-unhas, chaves de fendas e pequenos póneis made in china. Valha-me os jesuses cintilantes e as caixas de música tocando o Tema de Lara do Dr. Jivago. Valha-me o melguedo que paira incessantemente sobre os convivas, a venda de sapatos desirmanados a dois éros e aquelas duas moças ciganas muita giras que são gémeas e que no ano passado me confundiram porque achei durante uns minutos que se calhar os ciganos não são afinal tudo aquilo que se pensa deles, mas são mesmo é mágicos e têm o dom da ubiquidade (e porra que eram giras!). Valha-me o senhor que vende gelados e só tem um braço.

E valha-me a D. Alzira, que nos dá sempre seis farturas mais uma, para o caminho.

Karvela

Comentários

Mafalda disse…
1 - Para um gordo correr sem entornar a mini... 50 metros de avanço até é pouco! Sei do que falo!

2 - Para o ano a tua avaranda não estará vazia, faço já aqui o meu pedido de arrendamento, é só dizeres o valor e temos negocio! lol Se tiver a sorte de ver uma cornada bem dada, pago um extra! :P
Anónimo disse…
Tinha taaantas saudades dos seus post que sempre me fazem ficar bem disposta e a rir sozinha. Ainda bem que voltou de férias!! :)
Anónimo disse…
Ah! Esqueci-me de assinar o meu comentário de há pouco.
Madalena
Anónimo disse…
Viva a terra onde moras.
Anónimo disse…
Muito bom post, excelente analogia das festas aqui da terrinha... eh eh

Norberto