Não compreendo
Existe uma prática milenar entre as mulheres, que é a de lavar o cabelo. Só. Lavar o cabelo. Não é lavar o cabelo no duche ou no banho. É lavar o cabelo. "Onde é que vais?", "Vou lavar o cabelo" ou, em algumas senhoras de mais idade, mãe, "Vou lavar a cabeça", o que me provoca sempre imagens de palha de aço passada firmemente sobre o escalpe.
Consiste em - segurem-se, que a viagem é acidentada e estúpida - ajoelhar-se junto à banheira e olhar para a parte de dentro da loiça de banho deixando a melena esvoaçar para baixo. Depois assiste-se a um magnífico ritual de passar água, entrar água para os olhos, procurar às cegas o xampon (vou escrever de acordo com a nova ortografia... ou então como se diz na minha terra...), aplicar o xampon, entrar toneladas de xampon para os olhos porque é uma posição contra natura, procurar às cegas o chuveiro para passar por água e tirar a dor, por Deus, a dor!, e para as mais sofisticadas ainda aplicar amaciador, ficar a olhar para o tapete com golfinhos e para vestígios púbicos durante uns minutos e só depois repetir o processo.
Dá-se por vezes o fenómeno da água escorrer também para a boca e para o pescoço mas suponho que isso seja uma coisa de amadoras que, como eu, o fazem apenas quando pintam o cabelo em casa. Em boa verdade, nas vezes mais recentes que colori os pêlos púbicos com que Nosso Senhor abençoou esta cabeça e decidiu chamar cabelo, numa piada cruel que mais uma vez demonstra a sua não existência, já não o fiz com a cabeça virada para os azulejos mas sim no duche correndo o risco dos químicos se infiltrarem em refegos bem piores que os olhos mas, ainda assim, não passando por todo o processo acima demonstrado acrescido de tinta.
Das poucas vezes que me lembro de ter lavado-o-cabelo-só recordo o regressar à vida normal, o fluir do sangue outra vez a fazer-se de forma regular e os olhos vermelhos e pequenos, de tantos produtos químicos a queimarem-me a retina. Por isso, porque o fazem as gajas? O duche faz-vos espécie? Também eu, como boa gaja, já decidi não lavar o cabelo no duche (e é uma decisão que nem sempre se toma de ânimo leve) e se, ao tentar pentear um ninho de óleo e loiro falso decido que afinal devia ter lavado o cabelo, salto de novo para o duche. Não é ecológico e por isso é que eu lavo o cabelo no duche 90 em cada 100 vezes que lavo também o resto. Mas sair de uma experiência de lavagem de cabelo com joelhos doridos, um olho preguiçoso e a boca a saber a Pantène é que eu não entendo...
Expliquem-me porquê, que hoje acordei com esta dúvida!
Karvela
Existe uma prática milenar entre as mulheres, que é a de lavar o cabelo. Só. Lavar o cabelo. Não é lavar o cabelo no duche ou no banho. É lavar o cabelo. "Onde é que vais?", "Vou lavar o cabelo" ou, em algumas senhoras de mais idade, mãe, "Vou lavar a cabeça", o que me provoca sempre imagens de palha de aço passada firmemente sobre o escalpe.
Consiste em - segurem-se, que a viagem é acidentada e estúpida - ajoelhar-se junto à banheira e olhar para a parte de dentro da loiça de banho deixando a melena esvoaçar para baixo. Depois assiste-se a um magnífico ritual de passar água, entrar água para os olhos, procurar às cegas o xampon (vou escrever de acordo com a nova ortografia... ou então como se diz na minha terra...), aplicar o xampon, entrar toneladas de xampon para os olhos porque é uma posição contra natura, procurar às cegas o chuveiro para passar por água e tirar a dor, por Deus, a dor!, e para as mais sofisticadas ainda aplicar amaciador, ficar a olhar para o tapete com golfinhos e para vestígios púbicos durante uns minutos e só depois repetir o processo.
Dá-se por vezes o fenómeno da água escorrer também para a boca e para o pescoço mas suponho que isso seja uma coisa de amadoras que, como eu, o fazem apenas quando pintam o cabelo em casa. Em boa verdade, nas vezes mais recentes que colori os pêlos púbicos com que Nosso Senhor abençoou esta cabeça e decidiu chamar cabelo, numa piada cruel que mais uma vez demonstra a sua não existência, já não o fiz com a cabeça virada para os azulejos mas sim no duche correndo o risco dos químicos se infiltrarem em refegos bem piores que os olhos mas, ainda assim, não passando por todo o processo acima demonstrado acrescido de tinta.
Das poucas vezes que me lembro de ter lavado-o-cabelo-só recordo o regressar à vida normal, o fluir do sangue outra vez a fazer-se de forma regular e os olhos vermelhos e pequenos, de tantos produtos químicos a queimarem-me a retina. Por isso, porque o fazem as gajas? O duche faz-vos espécie? Também eu, como boa gaja, já decidi não lavar o cabelo no duche (e é uma decisão que nem sempre se toma de ânimo leve) e se, ao tentar pentear um ninho de óleo e loiro falso decido que afinal devia ter lavado o cabelo, salto de novo para o duche. Não é ecológico e por isso é que eu lavo o cabelo no duche 90 em cada 100 vezes que lavo também o resto. Mas sair de uma experiência de lavagem de cabelo com joelhos doridos, um olho preguiçoso e a boca a saber a Pantène é que eu não entendo...
Expliquem-me porquê, que hoje acordei com esta dúvida!
Karvela
Comentários
e as dores nos rins e no pescoço... lol
agora só mesmo no duche!!
(mas obrigada por me fazeres reviver esses momentos da minha adolescência)
E faço-o por vários motivos:
1 - A raiz do cabelo fica mais levantada. Para quem tem a tendência de a piruca se lhe colar ao couro, é mais uma tentativa para o descolamento.
2 - Lavo com água fria, mesmo que seja Inverno. Este motivo n.º 2 divide-se em outros 2 motivos:
a) A água fria irriga a pinha, e também afasta a dor de cabeça se for o caso.
b) A água fria faz um bem horrível aos cabelos, que a morna e quente não conseguem. Quer dizer, acho eu. Pronto, o cabelo não fica tão mole.