Não tenho escrito... porque não me tem apetecido
Estive até hoje de férias mentais e só a partir de amanhã é que regresso ao activo. E que activo, que Outubro avizinha-se com uma rentrée que, meus meninos...!
As Astúrias estavam muito bem, muito bonitas e gostámos muito. Claro que aconteceram coisas engraçadas e com piadola tipo ah ah, mas nada me preparou para o almoço de domingo, dia 27, numa estrada entre a Galiza e as Astúrias. Quase 15h, esfomeados, aborrecidos, kramer e eu decidimos que vamos parar no primeiro sítio que se assemelhe a um restaurante. Assemelhe é a palavra certa porque quando estacionámos o carro, notámos imediatamente que o dito restauran estava associado a uma pensão de uma estrela, uma. A hesitação inicial e instintiva foi superada pela fome, que falou mais alto, qual pirâmide das necessidades posta em prática.
Entrámos. Quatro funcionários. A cozinheira e o senhor do bar, casal mais velho. A menina que nos serviu e um segundo senhor do bar, casal mais novo, se por mais novo contarmos só com a menina. Televisão aos berros, excelente para pessoas com fome e com dores de cabeça; ao fundo, uma segunda televisão, gigantesca, daquelas ainda com um rabo muito grande para trás, pousada inerte, talvez avariada, sobre uma mesa.
Uma criança com os seus três anitos brincava. Era certamente da família dos donos da casa. Durante uns bons 10 minutos estive sentada na pontinha da cadeira, preparada para saltar, mal a criança se estatelasse no chão, já que nesses minutos a criança esteve entretida a brincar em cima da mesa, ao lado da televisão inerte e utilizando o cabo da TV como aparato-de-rodar-que-por-acaso-tem-uma-ficha-agarrada-e-que-ainda-é-coisa-para-aleijar-e/ou-puxar-a-televisão-para-cima-de-uma-criança-no-caso-(remoto)-de-cair-da-mesa-e-se-agarrar-ao-fio.
A mãe lá chega, dá-lhe uma palmadita, é premiada com um choro falso. E nós, espectadores enervados, somos premiados com a melhor de todas as recompensas, especialmente para quem está a comer: a criança, quando finalmente pára de choramingar, abana as calças e de dentro de uma perna caem três magníficos e reluzentes cagalhotos.
Eu digo ao kramer "Não sei se queres olhar agora mas, para o caso de não quereres, aviso-te que está cocó no chão". Engolimos a custo os nossos bifes salgados, olhámos para o ar durante o interminável tempo que demoraram a apanhar os mini senhores castanhos, primeiro com pá e vassoura (quem tem um cão sabe que se apanha com papel higiénico e se põe na sanita, senhores!), logo seguido de uma única mas veemente passagem com esfregona, e fugimos tão depressa quanto pudémos.
Aconteceu ali a nossa guerra da Coreia. O nosso Vietname pessoal foi aquele restaurante. Espero nunca mais na vida ter que ver uma criança a abanar as calças, sob pena de começar a ver tudo a preto e branco e em câmara lenta, como nos filmes de guerra, e a atirar de um penhasco, só para perceber que só tinha calor. Ela só tinha calor... não era cocó. Isto já não é as Astúrias, soldado.
Karvela
Estive até hoje de férias mentais e só a partir de amanhã é que regresso ao activo. E que activo, que Outubro avizinha-se com uma rentrée que, meus meninos...!
As Astúrias estavam muito bem, muito bonitas e gostámos muito. Claro que aconteceram coisas engraçadas e com piadola tipo ah ah, mas nada me preparou para o almoço de domingo, dia 27, numa estrada entre a Galiza e as Astúrias. Quase 15h, esfomeados, aborrecidos, kramer e eu decidimos que vamos parar no primeiro sítio que se assemelhe a um restaurante. Assemelhe é a palavra certa porque quando estacionámos o carro, notámos imediatamente que o dito restauran estava associado a uma pensão de uma estrela, uma. A hesitação inicial e instintiva foi superada pela fome, que falou mais alto, qual pirâmide das necessidades posta em prática.
Entrámos. Quatro funcionários. A cozinheira e o senhor do bar, casal mais velho. A menina que nos serviu e um segundo senhor do bar, casal mais novo, se por mais novo contarmos só com a menina. Televisão aos berros, excelente para pessoas com fome e com dores de cabeça; ao fundo, uma segunda televisão, gigantesca, daquelas ainda com um rabo muito grande para trás, pousada inerte, talvez avariada, sobre uma mesa.
Uma criança com os seus três anitos brincava. Era certamente da família dos donos da casa. Durante uns bons 10 minutos estive sentada na pontinha da cadeira, preparada para saltar, mal a criança se estatelasse no chão, já que nesses minutos a criança esteve entretida a brincar em cima da mesa, ao lado da televisão inerte e utilizando o cabo da TV como aparato-de-rodar-que-por-acaso-tem-uma-ficha-agarrada-e-que-ainda-é-coisa-para-aleijar-e/ou-puxar-a-televisão-para-cima-de-uma-criança-no-caso-(remoto)-de-cair-da-mesa-e-se-agarrar-ao-fio.
A mãe lá chega, dá-lhe uma palmadita, é premiada com um choro falso. E nós, espectadores enervados, somos premiados com a melhor de todas as recompensas, especialmente para quem está a comer: a criança, quando finalmente pára de choramingar, abana as calças e de dentro de uma perna caem três magníficos e reluzentes cagalhotos.
Eu digo ao kramer "Não sei se queres olhar agora mas, para o caso de não quereres, aviso-te que está cocó no chão". Engolimos a custo os nossos bifes salgados, olhámos para o ar durante o interminável tempo que demoraram a apanhar os mini senhores castanhos, primeiro com pá e vassoura (quem tem um cão sabe que se apanha com papel higiénico e se põe na sanita, senhores!), logo seguido de uma única mas veemente passagem com esfregona, e fugimos tão depressa quanto pudémos.
Aconteceu ali a nossa guerra da Coreia. O nosso Vietname pessoal foi aquele restaurante. Espero nunca mais na vida ter que ver uma criança a abanar as calças, sob pena de começar a ver tudo a preto e branco e em câmara lenta, como nos filmes de guerra, e a atirar de um penhasco, só para perceber que só tinha calor. Ela só tinha calor... não era cocó. Isto já não é as Astúrias, soldado.
Karvela
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