Ai Karvela, tás a falhar, tás!

Portantos, não sei se se nota mas estou com tanto trabalho que acordo às 7h30, chego a casa às 19h30 e adormeço daí a três horas. Entretanto como há Óscar, kramer, pais, televisão… sofre a Lagosta. Acredito que, quando começar o doutoramento, haja mais paninho para mangas, que agora ainda está quente e ando sempre de alças.

Impõe-se, no entanto, que fale sobre o concerto da Madonna. Não encontrei o meu anjo azul, a menina que eu queria tanto conhecer, mas no meio de 75.000 macacos foi logisticamente impossível.

Saio de casa um bocado em cima da hora. Conversas com orientadora, bolsas para pedir, prazos a acabar, Madonna à espera. Chegadas à Gare do Oriente, eu e cunhada, vulgo Black Sheep, aprendemos duas bonitas lições:
1. A frase “Estou ao pé da senhora das pipocas” funciona melhor comigo do que “Estou em frente à Phone House”. Coisas de comer funcionam sempre melhor, tá? Sempre! Vê lá se não te encontrei em dois minutos depois da frase mágica?
2. O poder de se ser suburbana é uma vantagem quando se tem que usar os transportes públicos em dia de concerto. Perante as diversas filas que se formavam no metro pensámos desistir e ir a pé; mas não encontrando um mapa que nos mostrasse a distância entre o Oriente e a Bela Vista, a Black Sheep lá teve a positiva ideia de voltar ao metro, com a teoria “Se calhar na fila está gente a comprar bilhete.”. Bingo, minha amiga, bingo. Entrámos por aí dentro, chegou o metro, éramos meia dúzia de gatos-pingados. Um deficiente corcunda rodava num dos varões do metro até ficar tonto e andar (ainda mais) de lado. Não me ri porque queria ter feito o mesmo.

Chegadas à estação da Bela Vista, encontro um dos meus grandes amigos. Em 75.000, repito, encontro o Paulo. “Olá! Nós esperamos por ti. Ah ainda vais buscar bilhete? Então tchau!”. Não valemos nada.
Subimos, subimos, subimos, a porra do recinto é longe do metro. Mas longe, tá? Mas subimos, subimos, subimos.

A Blue Angel envia sms “Tá uma fila horrível. Estou ao lado do Gago Coutinho. Até já.” Leio a mensagem à Black Sheep. Ainda procurámos um aviador, mas nada. Perante isto, a Black Sheep diz “Não compreendo… ainda não vi Sacadura Cabral nenhum…!”. Rio-me alarvemente no meio da multidão.

Quase quase a chegar, uma miúda gira com a cabeça e o torso dentro de um caixote do lixo. Anoréctica, penso. Na realidade, perdera o bilhete; achou-o dentro de uma caixa de barras de cereais, soltando um suspiro altíssimo. A multidão suspirou com ela e aplaudiu.

Chegámos ao sítio. Gigante. Mas gigante, tá? Havia já milhares de cabeças. E milhares de pessoas que não se deram ao trabalho de se levantar do piquenique para ver a sueca. Começámos a pensar que se calhar estávamos um bocadinho longe, mas que se fôssemos para baixo ainda víamos menos. Vimos uns vídeos giros, o espectáculo em grande, mas a Madonna com um centímetro.

Saímos. Gente, gente, gente… pensei que sairia dali no dia seguinte. Metro. Encontro um ex-colega meu dos tempos de Sonae, que não me reconheceu, e sussurrei à Black Sheep: “Eu sei de coisas, e aquele gajo grisalho que está ali fez parte de uma boy band e gosta de meninos.”… de repente apercebo-me: “Esquece! É um ex-colega meu. Mas é parecido com o outro, que não deixa de gostar de meninos!”. A Black Sheep fez-me um olhar estranho, como se me faltasse só mesmo a corcunda e espaço para rodar no varão do metro. Em 40 minutos estávamos nos carros.

Cheia de sono, lá voltei para a província. Na verdade, estava tão fartinha lá para o fim do concerto que me liguei à net no telemóvel para ver no alinhamento e saiu-me um “Já só faltam duas!”.

Balanço: o espectáculo é bem mais giro do que aquele que veio ao Atlântico, mas em 2004 quase lhe vi as cuecas, de tão perto que estava. Sim, chorei os 60 euros. Choraria mais se os tivesse dado mais perto do concerto – ao fim de três meses faz menos mossa – mas para ver um dvd tinha ficado em casa, sinceramente.

Gostei do Express Yourself como miminho; gostei das fífias horrorosas no Ray of Light; gostei da gaiola que subia e descia; gostei dos vídeos; gostei que tivesse uma canção da era Evita, que aparentemente à minha volta só eu cantei; gostei da ciganada lá pelo meio, com os violininhos que puseram as cunhadas a dançar à maluca e a fazer “Hey hey hey… opáááá!”; gostei dos arranjos diferentes para músicas antigas.

Mas, repito, para ver um dvd, tinha ficado em casa.

Karvela (ela tarda mas depois escreeeeve…)

Comentários

BlueAngel aka LN disse…
Também achei mal o que tu achaste mal: o local, a Diva pequenina e, principalmente, o facto de não te ter visto. Curiosamente, tb n ão vi o Sacadura Cabral! lol beijocas larocas com amizade
Anónimo disse…
Quase chorei os 60 euros, quase chorei mesmo 120. Valeu-me alguem que vive na Idade Média...
Afinal serve para alguma coisa todo este sacrifício! :)