Transportes públicos, loucura e morte

Ontem de manhã passei diversas horas no 732, sobretudo porque preciso de fazer o percurso todo desta carreira para chegar do ponto A ao ponto B. Em parte da viagem tive atrás de mim um puto a peidar-se enquanto dormia ferrado, estendido no último banco (ah, a dura vida de delinquente juvenil...); e umas senhoras que, possivelmente pela 78ª primavera estavam a ter a conversa não-sei-o-que-vestir-porque-de-manhã-está-frio-e-à-tarde-está-calor-e-depois-temos-que-andar-com-os-casacos-e-eu-não-gosto-nada-de-acartar-casacos-na-mão.

Ao fim do dia, novamente o 732. Atrás de mim dois putos metrossexuais da Universidade Lusíada. Falaram de roupa (“por acaso agora vou até à Baixa ver um chavalo que tá a bulir na Zara”… ok…), do Rock in Rio até que um deles começa a dizer que vai comprar uma Ford Transit num leilão por 250 euros e depois vai com os amigos passear pelo sul de Espanha no Verão. No fim das férias entrega-a para abate e felizes para sempre. O outro tentou dissuadi-lo com uma série de argumentos, todos rejeitados. O primeiro rebate com: “Mas olha que são 250 paus mas a dividir por 6 ou 7… aquilo dá pouco a cada um…”; o outro acredita. Mas eu estive a um cabelo de me virar para trás e perguntar quanto é que ele acha que consome uma Ford Transit de 1993. Aquilo é coisa para fazer cinco litros ao metro! Estou mesmo a ver um grupo de sete alunos da Lusíada (não conseguiram entrar numa Universidade pública? Como não, com este nível de raciocínio abstracto?) em Marbella a fazer planos para voltar a pé para Portugal.

A propósito do mesmo assunto ainda ouvi a bonita conversa:
Puto 2 – Mas não tinhas um Clio?
Puto 1 – É da minha cota.

Se um filho meu me tratar por cota levo-o até uma biblioteca e atiro-lhe com a lombada de um volume da Encyclopaedia Britannica nos dentinhos, para ele perceber bem o que é uma cota.

Karvela (e o que chove? E eu que vou de férias?)

Comentários

Mr. Steed disse…
obrigado meu deus por não permitires que ande de transportes públicos desde 1854...
Anónimo disse…
A Lusíada pode ser facil de entrar, mas é difícil de acabar. Muitos ex-alunos mudaram de Universidade porque era demasiado exigente acabando os seus cursos em outras Universidades, das quais não vou dizer o nome para não magoar certas susceptibilidades.
O que estás a criticar neste pequeno texto não é o facto de serem da Universidade Lusíada (até podem ser da tua, porque neste momento os exames são demasiado fáceis só para se ter a nota dos 9,5), mas o que estás a criticar é a juventude das suas ideias. Juventude esta que não pensa em mais consequências do que as imediatas.

Muito Obrigada.
Anónimo,

Obrigada por me teres explicado o post. Aquele que eu própria escrevi.

Também é fácil entrar na Clássica em Direito (média baixa) e é dificílimo de acabar. Sai-se de lá cheio de pêlos no peito que aquilo é dureza. Já a minha é difícil de entrar e não considero que seja a mais complicada do Universo. Opiniões. São como as vaginas. Peludas e nem sempre agradáveis.
Bxana disse…
A Lusíada é, de facto, muito dificil de acabar.
Com.
Eram precisas quê, três ou quatro retroescavadoras?
Zariza disse…
e eu que estou de férias???? e o calor que está???

P/S - O beijo na boca foi entregue
Mr. Steed disse…
também é fácil entrar na clássica, as fechaduras são pra meninos. mas é bué difícil sair . sobretudo pelas janelas pq são muito estreitinhas.

ass) Camolas
Restelo disse…
Estou a fazer o catching up. Felizmente já tinha jantado! Ai esse belo 32, que recordações... então o número de vezes que ficava encalhado na zona da Lusíada porque os meninos ricos deixavam os seus pópós mal estacionados (tipo, NAS CURVAS) e o autocharro não passava.