Dos nomes que dão às crianças
Ou
Violência doméstica não é só arrear-lhes forte e feio
Eu chamo-me Clara. Hoje tenho amor profundo pelo meu nome mas passei por anos de “Clara dos ovos” ou “Clara escura” ou “Clara gema”. Eventualmente aprendi a responder “Tá giro… ainda não tinha ouvido essa hoje. Tens mais?”. É um bocado aquilo a que chamo o efeito do gafanhoto. Quando era pequena tinha pavor de gafanhotos mas quando os meninos me perseguiam com bicheza do género, em vez de fugir, eu era a rapariga que me ria e dizia: “Não tenho medo disso…”; e lá iam eles atrás das meninas que corriam de pavor enquanto não reparavam que eu estava lívida e nunca agarrava nos bicharocos. Por isso, apesar de me apetecer sovar violentamente todos quantos faziam piadas com o meu nome, respondia torto. Como quem goza não gosta de ser gozado rapidamente as piadas giras com Clara terminaram.
Hoje as minhas amigas começam a desovar. Seus borregos chamam-se Madalena, Marta, Catarina, Gonçalo, Matilde, Henrique, Tiago, João, Guilherme.
O descalabro começou com uma das minhas melhores amigas que chamou Íris à filha. É sabido que os nomes determinam à partida o futuro das crianças e tendo esta minha amiga a probabilidade de transmitir à criança o gene do estrabismo, nunca o nome Íris foi tão irónico.
Depois temos os casos graves:
- Um colega de trabalho que quer chamar Sandro ao seu primeiro filho. Costumo perguntar-lhe se quer que o menino nasça cigano. Para ajudar à festa, se for menina gosta de Vanessa e de Karina, com k, de preferência Vanessa Karina. Também lhe costumo dizer que se pode tirar o rapaz do Cacém mas não se pode tirar o Cacém do rapaz.
- Contudo, umas ex-colegas de secundário têm o pleno do gosto questionável: a primeira teve uma filha, chamou-lhe Constança. A segunda teve um filho, chamou-lhe Salvador. A terceira teve uma filha, chamou-lhe Benedita. Hoje dizem-me que a segunda filha desta terceira se chamará… wait for it… wait for it… Caetana.
Dentro do poker que são os nomes das crianças, estas gajas fizeram o royal flush dos nomes impronunciáveis, difíceis, longos e gozáveis. Constança, pega-me na pila e faz-me uma trança; Salvador, tenho aqui uma dor; Benedita, contado ninguém acredita; Caetana, mata a tua mãezinha durante o sono e vai ao registo mudar de nome para Ana ou Maria.
Karvela
Ou
Violência doméstica não é só arrear-lhes forte e feio
Eu chamo-me Clara. Hoje tenho amor profundo pelo meu nome mas passei por anos de “Clara dos ovos” ou “Clara escura” ou “Clara gema”. Eventualmente aprendi a responder “Tá giro… ainda não tinha ouvido essa hoje. Tens mais?”. É um bocado aquilo a que chamo o efeito do gafanhoto. Quando era pequena tinha pavor de gafanhotos mas quando os meninos me perseguiam com bicheza do género, em vez de fugir, eu era a rapariga que me ria e dizia: “Não tenho medo disso…”; e lá iam eles atrás das meninas que corriam de pavor enquanto não reparavam que eu estava lívida e nunca agarrava nos bicharocos. Por isso, apesar de me apetecer sovar violentamente todos quantos faziam piadas com o meu nome, respondia torto. Como quem goza não gosta de ser gozado rapidamente as piadas giras com Clara terminaram.
Hoje as minhas amigas começam a desovar. Seus borregos chamam-se Madalena, Marta, Catarina, Gonçalo, Matilde, Henrique, Tiago, João, Guilherme.
O descalabro começou com uma das minhas melhores amigas que chamou Íris à filha. É sabido que os nomes determinam à partida o futuro das crianças e tendo esta minha amiga a probabilidade de transmitir à criança o gene do estrabismo, nunca o nome Íris foi tão irónico.
Depois temos os casos graves:
- Um colega de trabalho que quer chamar Sandro ao seu primeiro filho. Costumo perguntar-lhe se quer que o menino nasça cigano. Para ajudar à festa, se for menina gosta de Vanessa e de Karina, com k, de preferência Vanessa Karina. Também lhe costumo dizer que se pode tirar o rapaz do Cacém mas não se pode tirar o Cacém do rapaz.
- Contudo, umas ex-colegas de secundário têm o pleno do gosto questionável: a primeira teve uma filha, chamou-lhe Constança. A segunda teve um filho, chamou-lhe Salvador. A terceira teve uma filha, chamou-lhe Benedita. Hoje dizem-me que a segunda filha desta terceira se chamará… wait for it… wait for it… Caetana.
Dentro do poker que são os nomes das crianças, estas gajas fizeram o royal flush dos nomes impronunciáveis, difíceis, longos e gozáveis. Constança, pega-me na pila e faz-me uma trança; Salvador, tenho aqui uma dor; Benedita, contado ninguém acredita; Caetana, mata a tua mãezinha durante o sono e vai ao registo mudar de nome para Ana ou Maria.
Karvela
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