Coisa de pobre!

Ontem fiquei sem bateria no telemóvel e, por azar, precisava mesmo de avisar para casa a que horas iria chegar. Normalmente sinto-me um prodígio da tecnologia, com o iPod, o telemóvel, fios a sair por todo o lado, uma mulher biónica. Mas ontem, com o telemóvel falecido, procuro cabines telefónicas. Na estação do Cais do Sodré há o número incrível de quatro!

Cabine 1 - a coisita das moedas não funcionava. Ponho o multibanco (ainda me lembrava que dá para falar com o MB). Não deu.

Cabine 2 - vou directa com o MB. Não dava. Mas a coisita das moedas funcionava. Comeu 50 cêntimos e não falei.

Penso... não vou fazer figura de tansa aqui ao pé do pessoal do Montijo. Vou ali para as cabines ao pé das entradas para Cacilhas para não parecer tão mal.

Cabine 3 - Só chamadas de emergência.

Cabine 4 - 20 cêntimos para o galheiro, MB nada.

70 cêntimos e voltas e voltas às cabines depois, a sentir-me uma total rústica por não conseguir lidar com uma máquina tão simples como um telefone público, baixo a cabeça e vou comer um gelado. Estúpida por estúpida, ao menos que seja uma gorda estúpida... Ponho o meu pré-comprado de há um ano no torniquete para entrar no barco, que ainda tinha funcionado de manhã, e nada, volta para trás. Vou às máquinas de venda.

Máquina 1 - Só vendia Seixalinho - Montijo. Eu queria Seixalinho - Alcochete.

Dou a volta para ver a outra máquina. Sentia-me um canito que precisa de mictar mas não encontra o sítio certo.

Máquina 2 - Também só vendia Seixalinho - Montijo. Não tem a coisita das moedas a funcionar.

Dou a volta outra vez. O gelado a derreter.

Máquina 1 - Quase a chorar, compro o bilhete, ninguém sabia a que horas eu chegaria a casa, senti-me uma campónia a mexer em máquinas, daquelas senhoras confusas que vão a Lisboa e vêem o 90 a dizer Entrecampos e perguntam ao motorista se aquele carro passa em Entrecampos...

Mas depois pensei. Estou de férias. Por isso, campónia - check; rústica - check. Férias - check.

Karvela