Out, loud and proud

Catamarã. 8h10 da manhã. Alguém dá folhetos. Penso algo como "ahasdmaspod fnfnap café asdap han?" e aceito o folheto. Vejo que é da campanha do Não à despenalização da IVG. Lutando contra o ácido que corrói o meu cérebro todas as manhãs e só é derretido com uma solução de café e açúcar, volto para trás, devolvo. "Obrigada", digo eu, simpática.

Um metro depois está outra pessoa, dá-me outro papel. É cor-de-rosa. Penso "Isto deve haver pluralidade, agora deve ser o sim. Café." É novamente do não. Lutando contra o pensamento que há uma máquina de café a escassos metros dali, volto para trás, devolvo. "Obrigada", digo eu, simpática. E a respondona: "Mas ainda não leu..." "Deixe lá, isto está feito", respondo eu, sorridente mas de nervos porque estava a ouvir o doce som do moinho de café.

Não foi a melhor frase, mas... café!!! Será que eu dei a entender que já tinha feito um aborto? Será que ela pensa, de todo, para estar ali às 8h10 da manhã a dizer que eu devia ser presa se fizer um aborto? Se calhar ela também precisava de um café, para acordar de uma vez por todas.

Karvela

Comentários

Anónimo disse…
Olha, eu sou muito homem e até eu já fiz um aborto. Clandestino!!!

Ninguém soube! Ah.ah.ah.ah...

Nem fui preso nem nada!

Mas como foi antes das dez semanas, se calhar nem seria crime... porque antes das dez semanas ninguém sabe se o que eu tinha na barriga era um feto humano ou o resto do pato com lalanja que havia jantado no restaurante chinês.

De qualquer modo estou ansioso que aprovem este novo referendo... acho inadmissível que fazer um aborto seja mais difícil que extrair um dente.

Um café, please!
Piston disse…
Podias ter completado a frase com um pouco de linguagem corporal: um soco no útero.