Migrações

Ando em périplo pelo país, graças à porra da tese que nunca mais acaba. Ontem almocei em Leiria com a tia Zariza e o tio Fartpudding e em breve estará aqui (e também nos seus blogs) a prova do nosso encontro sob a forma da melhor foto jamais tirada.

Hoje, pelos lados de Lisboa, apercebi-me que é muito fácil de perceber quando uma casa de banho de um centro comercial foi projectada e pensada por um homem: é quando não tem lá dentro um cabidezinho para pendurarmos as malas e os casacos.

Arquitectos, amigos, gajos, vamos por pontos:
1. As mulheres usam malas. Todos os homens que eu conheço têm uma carteira que não é mais do que um quadrado que, lentamente, se vai transformando num cubo. As mulheres não andam com carteiras nos bolsos porque as mulheres não querem ficar com um desarranjo lombar. A verdadeira razão é que as mulheres trazem consigo tantas traquitanas que ainda não se produz roupa com bolsos suficientes.
2. As mulheres não urinam de pé (choque! horror!). Logo, e para mais em dias de chuva, nos quais usamos casacos mais compridos, é extremamente desagradável proceder a todos os passos que implica o simples acto do xixi - ou como diz a minha tia benzoca, xexí. Os passos são:

Entrar na casa de banho
Fechar a porta
Procurar desesperadamente um cabide
Procurar algo que se assemelhe a uma maçaneta
Constatar que afinal só há um puxadorzinho para trancar a porta
Tentar pendurar a mala e o casaco no puxadorzinho
Apanhar as coisas que caíram mesmo quando começávamos a tirar o cinto
Pousar as coisas no autoclismo, no chão ou, em última das últimas hipóteses, no contentor dos pensos e tampões
Baixar as calças e, no inverno, os collants
Urinar da maneira mais desconfortável possível, algo que apenas pode ser definido como um agachamento para masoquistas
Constatar que ficaram variadíssimos pingos na sanita
Limpar com papel higiénico toda a área a sul do umbigo
Limpar os pingos da sanita, para as asseadas
Puxar as calças para cima
Vestir o casaco
Olhar enojada para a sanita depois de perceber que após vestir o casaco dentro de um cubículo, foi ele quem limpou realmente os pingos de urina
Sair
Lavar as mãos, para as asseadas
Constatar que o mesmo génio criativo que achou que não eram necessários cabides dentro dos cubículos também achou que uma máquina que deita um arzinho é uma boa maneira de secar as mãos
Sair do WC de mãos molhadas
Constatar que os collants ficaram enrolados
Andar desconfortável o resto do dia

Arquitectos, Taveiras, Soutos Mouras do meu país: precisamos de cabidinhos! Precisamos daqueles triquitriquis onde podemos pendurar as malas e os casacos e todos os quilos de merdas que trazemos connosco diariamente! Ouçam o nosso grito!

Karvela (não nos voltem a perguntar porque é que demoramos tanto tempo no WC!)

Comentários

Zariza disse…
Pariga leste-me os pensamentos. Já me fartei de dizer a mesmissima coisa. Gajo não entende coisas de gaja. Num mundo perfeito para nós existiam cabidezinhos em cada WC, em cada mesa de restaurante/café... enfim quase em cada esquina.

Cabides ao poder...
Arnaldoooooo disse…
Estou solidário com a vossa exigência. É justo. Sobretudo porque, para aqueles que andam a passear com as namoradas, o destino é ficar com a mala e o casquito na mão à porta do WC. Isso sim é deprimente.

Em relação às máquinas de secar-mais-ou-menos-as-mãos, penso que a razão é mais economicista: fica mais barato do que as resmas de papel ou as bonitas toalhas de linho com as nossas inicais gravadas.

Bjs
Vegana da Serra disse…
Karvela, acredita que, inicialmente todas a casas de banho têm um sítio para se pendurar a mala, casaco, etc. O problema é que as gajas são violentas, e acabam por arrancar o precioso utensílio.
BlueAngel aka LN disse…
Apoiado! Apoiado! Apoiado! Apoiado! Estou contigo. Pqara quando um protesto público cm direito a directos em todos os telejornais? Em horário nobre, claro!
Anónimo disse…
Teria piada se não fosse tamanha a ignorância acerca de um projecto de arquitectura. Temos pena... muita pena... mas a culpa também não é vossa.