My skin
Eu sou branca. Branca como a cal. Pálida. Lixívia. Já as ouvi todas. Depois, com o nome próprio que brilhantemente me foi atribuído, as piadas boçais sucedem-se. Com o tempo aprendi a viver em paz com esta alvura que magoa a vista e também a defender-me: “Clara? Clara d’ovo” “Boa, amigo. Ainda não tinha ouvido essa hoje!”; “Ó Clara, tás clara” “Pá, a sério, maravilhoso. Parabéns por esse poder de raciocínio.”
Isto para dizer que, decididamente, não sou uma pessoa do Verão. Relembro que não gosto de mar e agora revelo que também não sou dada ao sol. Só me bronzeio uma semana (no auge da loucura, duas semanas), quando vou de férias para um sítio exótico, tipo sul de Espanha. E é naquele mês que precede as férias que eu estou mais absurdamente branca. É quando já começam a sair à rua os corpos bronzeados dos fins-de-semana pré-férias que eu perco as marcas do bikini do ano anterior. E depois vêm os comentários (pálidos do meu país, vós sabeis do que falo!): “EISSSSHHHH OLHA QUE BRANQUINHA!”. Momento que aprecio é quando temos um grupo de pessoas conhecidas e todos chamam a atenção para a mulher transparente que acabou de chegar. As reacções variam entre o enojado (“Parece que estás doente!”), a pena (“Ainda não tiveste férias, foi?”) e os conselhos úteis (“Tenta ir à Costa este fim de semana”). Quando chega alguém bronzeado à conversa, é um herói (“Ena! Estás com um aspecto excelente!” ou “Uau! Possui-me já atrás daquela Vanette!”).
Ora, isto é racismo. Ou bronzeismo. Brancofobia!
Eu sou branca. Branca como a cal. Pálida. Lixívia. Já as ouvi todas. Depois, com o nome próprio que brilhantemente me foi atribuído, as piadas boçais sucedem-se. Com o tempo aprendi a viver em paz com esta alvura que magoa a vista e também a defender-me: “Clara? Clara d’ovo” “Boa, amigo. Ainda não tinha ouvido essa hoje!”; “Ó Clara, tás clara” “Pá, a sério, maravilhoso. Parabéns por esse poder de raciocínio.”
Isto para dizer que, decididamente, não sou uma pessoa do Verão. Relembro que não gosto de mar e agora revelo que também não sou dada ao sol. Só me bronzeio uma semana (no auge da loucura, duas semanas), quando vou de férias para um sítio exótico, tipo sul de Espanha. E é naquele mês que precede as férias que eu estou mais absurdamente branca. É quando já começam a sair à rua os corpos bronzeados dos fins-de-semana pré-férias que eu perco as marcas do bikini do ano anterior. E depois vêm os comentários (pálidos do meu país, vós sabeis do que falo!): “EISSSSHHHH OLHA QUE BRANQUINHA!”. Momento que aprecio é quando temos um grupo de pessoas conhecidas e todos chamam a atenção para a mulher transparente que acabou de chegar. As reacções variam entre o enojado (“Parece que estás doente!”), a pena (“Ainda não tiveste férias, foi?”) e os conselhos úteis (“Tenta ir à Costa este fim de semana”). Quando chega alguém bronzeado à conversa, é um herói (“Ena! Estás com um aspecto excelente!” ou “Uau! Possui-me já atrás daquela Vanette!”).
Ora, isto é racismo. Ou bronzeismo. Brancofobia!
Eu não vou à praia, mas não é só porque não gosto. Eis as razões pelas quais sou branca:
1. Genética. Pois se não tenho parentes africanos, dificilmente teria uma tez achocolatada.
2. Eu trabalho. E estudo. Passo horas exposta a dois tipos de luz, a fluorescente e a do computador, e ambas estão permanentemente no modo “Macilento”.
3. Tenho horror ao cancro da pele. Não é fácil de explicar. Mas, para mim, é desagradável.
Não posso ser muito moralista. Bolas, como qualquer boa habitante do sul da Europa, esta pelezinha é branca mas bronzeia-se com uma facilidade ímpar. Uma semana na praia equivale a uma Karvela tostada. Duas semanas depois, há uma Karvela alva, como se regressada da Escócia.
Segunda-feira lá vou trabalhar. Vou usar umas calças curtas (corsários, capris, pirata, meio-litro, de-ir-à-amêijoa) e vou ouvir “EIIIIIIIISH! Então mas ainda não foste à praia?” e eu lá vou ter que responder “Esse cromossoma que tens a menos faz-te mesmo muita falta, não faz?”.
Karvela
Comentários
acho bem k ñ gostes de praia e k ñ cedas aos banalismos do bronze...isso é brega!
Acho bem k te preocupes com o cancro na pele, a minha mãe tem um...derivado dum sinal. Eu tb sou branca e nos dias de hoje já nem vou muito à praia. 1º. porque agora que trabalho,só posso ir ao fds...e detesto levar com as famelgas todas e os seus filhos e rádios atrás; 2º. ñ há paciência!
É fashion ser branca e estar branca...há que encarar os factos da vida, nascemos assim e assim morreremos, excepto se adoptarmos as excêntricidades de Michael jackson...e ñ estando exposta ao sol...a tua pele ñ envelhece...serás sp bela e jovem!
e em vez de ouvires eizzzzz...ou virás ena!
enfim...
Coragem!!
(porque eu quando vou à praia volto preta; já não vou é há uns tempos laaaaaaargos...)