Pavlov e seus cães amestrados. Um espectáculo inesquecível, no Casino Estoril.
Pensar em sair de um emprego é sempre uma sensação estranha. Analisemos por fases:
Fase 1 - A indecisão
Fala-se com todos os amigos e com a família, conversa-se muito sobre as vantagens e desvantagens do actual emprego. Já ninguém pode ouvir esta pessoa e só pedem para se decidir de vez.
Figuras típicas
O que decide sair e fica arrependido mas feliz;
O que não se decide e continua a ser insuportável porque continua a queixar-se todos os dias.
Fase 2 - A decisão
Aqueles que decidem sair têm, então, que começar a procurar emprego ou fantasiar com o novo emprego que os espera. Entretanto, ainda não passaram à fase seguinte.
Figuras típicas
O que já tem emprego garantido à saída e só consegue pensar nas férias que não vai ter.
O que não tem emprego garantido à saída e só consegue pensar como irá comer, pagar a renda, o gasóleo e a escola aos putos.
Fase 3 – A culpa
A réstia de solidariedade que ainda os agarra à empresa ou instituição desencadeia-se quando todos começam a ser simpáticos. Quer saibam ou não da saída do colega, basta o maior filho da puta do emprego dizer meia dúzia de palavras de apreço (ex.: “obrigado por teres tirado esta fotocópia”) que se começa logo a pensar nas saudades que se vai ter das pessoas, das instalações, do chefe, do agrafador…
Figuras típicas
Aquele a quem a culpa rói o estômago até ao dia da saída, altura em que chora no carro a caminho de casa, com o caixote dos cadernos e das canetas gamadas no banco de trás.
Aquele a quem lhe passa a mágoa rapidamente quando se lembra que as pessoas só o queriam lixar, as instalações eram velhas, das duas horas que demorava a lá chegar, do chefe que era um sacana e do agrafador que falhava 80% das vezes.
Fase 4 – o esquecimento
Ao fim de dois meses no novo local de trabalho já se conseguem ver as vantagens e desvantagens do anterior. Ao fim de dois meses e meio já nem nos lembramos que autocarros apanhávamos ou qual era o caminho de carro. Ao fim de três meses apercebemo-nos que não nos lembramos bem da cara do chefe. Ao fim de cinco meses, encontramos um colega no supermercado e temos que fazer esforço para nos lembrarmos do nome. Depois do primeiro ano apercebemo-nos que não demos os parabéns a nenhum dos nossos ex-colegas pelo aniversário.
Figuras típicas
Aquele que se desligou totalmente e, quando confrontado por algum ex-colega mais carente, invoca razões profissionais (“tenho muito trabalho no sítio novo, já nem tenho vida social, quanto mais ir ao escritório antigo almoçar consigo!”);
Aquele que manteve três ou quatro contactos e ao fim de dois anos apercebe-se que ainda sabe de tudo o que se passa (das entradas, saídas, gravidezes, cusquices). Esse foi o que fez amigos.
a.k.a. eu.
Karvela
Pensar em sair de um emprego é sempre uma sensação estranha. Analisemos por fases:
Fase 1 - A indecisão
Fala-se com todos os amigos e com a família, conversa-se muito sobre as vantagens e desvantagens do actual emprego. Já ninguém pode ouvir esta pessoa e só pedem para se decidir de vez.
Figuras típicas
O que decide sair e fica arrependido mas feliz;
O que não se decide e continua a ser insuportável porque continua a queixar-se todos os dias.
Fase 2 - A decisão
Aqueles que decidem sair têm, então, que começar a procurar emprego ou fantasiar com o novo emprego que os espera. Entretanto, ainda não passaram à fase seguinte.
Figuras típicas
O que já tem emprego garantido à saída e só consegue pensar nas férias que não vai ter.
O que não tem emprego garantido à saída e só consegue pensar como irá comer, pagar a renda, o gasóleo e a escola aos putos.
Fase 3 – A culpa
A réstia de solidariedade que ainda os agarra à empresa ou instituição desencadeia-se quando todos começam a ser simpáticos. Quer saibam ou não da saída do colega, basta o maior filho da puta do emprego dizer meia dúzia de palavras de apreço (ex.: “obrigado por teres tirado esta fotocópia”) que se começa logo a pensar nas saudades que se vai ter das pessoas, das instalações, do chefe, do agrafador…
Figuras típicas
Aquele a quem a culpa rói o estômago até ao dia da saída, altura em que chora no carro a caminho de casa, com o caixote dos cadernos e das canetas gamadas no banco de trás.
Aquele a quem lhe passa a mágoa rapidamente quando se lembra que as pessoas só o queriam lixar, as instalações eram velhas, das duas horas que demorava a lá chegar, do chefe que era um sacana e do agrafador que falhava 80% das vezes.
Fase 4 – o esquecimento
Ao fim de dois meses no novo local de trabalho já se conseguem ver as vantagens e desvantagens do anterior. Ao fim de dois meses e meio já nem nos lembramos que autocarros apanhávamos ou qual era o caminho de carro. Ao fim de três meses apercebemo-nos que não nos lembramos bem da cara do chefe. Ao fim de cinco meses, encontramos um colega no supermercado e temos que fazer esforço para nos lembrarmos do nome. Depois do primeiro ano apercebemo-nos que não demos os parabéns a nenhum dos nossos ex-colegas pelo aniversário.
Figuras típicas
Aquele que se desligou totalmente e, quando confrontado por algum ex-colega mais carente, invoca razões profissionais (“tenho muito trabalho no sítio novo, já nem tenho vida social, quanto mais ir ao escritório antigo almoçar consigo!”);
Aquele que manteve três ou quatro contactos e ao fim de dois anos apercebe-se que ainda sabe de tudo o que se passa (das entradas, saídas, gravidezes, cusquices). Esse foi o que fez amigos.
a.k.a. eu.
Karvela
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