Uma pessoa que me irrita
ou
Da aleatoriedade das listas para as autárquicas

Capítulo I
Há uns tempos falava de política com uma conhecida lá da terrinha e dizia-lhe que votava normalmente bastante à esquerda (CDU, BE). Ela lançou-me um olhar estranho, entre o obstipado e o chocado, mas não revelou o porquê. Perguntou se eu estava louca. O que revela muito acerca da interlocutora e da sua tolerância política.
No passado fim de semana entendi porquê - no arranque da pré-campanha eleitoral para as autárquicas 2005, o nome dela era o número 2 da lista do PSD. Fico feliz por um partido idóneo ter nas suas hostes (em número 2 para uma freguesia, note-se!) uma pessoa sem qualquer tipo de flexibilidade mental (não entende noções como religiões alternativas, medicina homeopática ou preferir o Louçã ao Santana Lopes... é daquelas pessoas que disfarça uma profunda ignorância com um sorriso e frases como "não me fales nessas coisas, que eu não atinjo!")

Na passada segunda-feira encontro-a e pergunto:
"Então, és da lista do PSD?"
"Sou! Nem sabia que já andavam aí os folhetos!"
"Mas és n.º 2... apesar de ser difícil serem eleitos, é bem possível que consigas um lugar na Assembleia."
"Pois é..." (diz ela com um ar de quem está a ouvir falar sobre aquilo pela primeira vez)
"E isso implica ires a reuniões periódicas e fazeres parte do processo de decisão da freguesia."
"Ah..."

O silêncio e posterior mudança de assunto fez-me acreditar que ela não fazia ideia no que se tinha metido.

Capítulo II
Perguntei a duas pessoas - uma, a unicelular do PSD e a outra uma amiga muito antiga e muito inteligente - se entendiam que estavam em lugares elegíveis, e que podiam vir a fazer parte, se não do funcionamento da própria Junta/ Câmara, pelo menos da Assembleia Municipal... a resposta de ambas foi: "O que é um lugar elegível?"

Karvela (com esperança na juventude de Portugal)

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