U'mamala

O Rafeiro Perfumado escreveu com muita eloquência sobre as malas das mulheres. Há que fazer-lhe uma visita, que ele tem muita piada. Infelizmente, identifico-me bastante, porque não consigo escapar ao cliché de gaja, de pôr a mão na mala e sair a carteira, as chaves, a água, queijo, medicamentos, o Mosteiro dos Jerónimos…


Mas e alguns homens e as suas carteiras? A carteira no bolso é um objecto que começa como bonito acessório utilitário e acaba como um cubo de Rubik enfiado no bolso de trás das calças. A maioria dos homens tem graves problemas de coluna porque desde tenra idade aprendem a usar a carteira no bolso de trás. Também é mais ou menos desde a adolescência que começam a coleccionar todo o tipo de parafernália para encher a carteira. Fotografias tipo passe com 10 anos de idade, preservativos secos, cartões de todos os restaurantes que visitaram na vida e, lá pelo meio, se tiverem sorte, uma notinha de 5 euros.


O modo como abrem uma carteira também é característico: seguram-na entre o peito e as mãos em concha, de maneira a não cair nenhum precioso objecto, como o talão da compra das pastilhas elásticas datado de 12 de Julho de 2004 ou o sempre importante cartão de carregamento do primeiro telemóvel, que deitaram fora em 1998.


Depois há o tratamento da carteira. A carteira é, quando nova, objecto de grandes cuidados, arrumam-na, têm todos os papéis inúteis em compartimentos específicos, os úteis em outros, um miminho. A partir de um certo ponto na vida da carteira os homens começam a praticar o bonito gesto a que se convencionou chamar “É uma imperial fachavor” PAM. O gesto “É uma imperial fachavor” PAM consiste em pedir uma imperial numa qualquer tasca que entrem para, logo de seguida, tirar a custo a carteira do bolso e atirá-la com toda a força para cima do balcão. O gesto “É uma imperial fachavor” PAM, costuma ser acompanhado da expressão “Ahhhhh foda-se, outro balcão partido!”.

Os homens mais prevenidos já começaram a usar malas a tiracolo, que é quase tão feminino como uma mala, mas como é em preto ou em cinzento, disfarça bem. Aprovo a decisão, especialmente porque esses não se sentam em ângulos de 45º nos transportes públicos.


Karvela

Comentários

Bxana disse…
Então e quando somos NÓS que temos de alombar com a carteira, óculos e chaves DELES?

- "Ah e tal, trouxeste mala..."

"Trouxeste mala"...? "Trouxeste mala"??? Nós trazemos sempre mala! E quando não levamos a maleta, ainda ouvimos "O quê, hoje não trouxeste mala? E agora? Quem vai alombar com a MINHA tralha?"
Lindamente respondido. Felizmente não me reconheço nesses machos, já que não só dispenso a cerveja como a minha carteira, além de andar no bolso do casaco, tem só o indispensável (cartão do SLB e da FNAC incluidos). Mas que é uma bela resposta, isso é. Quando te responder no meu blog (por imperativos laborais só o poderei fazer amanhã à tardinha, irei fazer referência ao teu texto).

Um grande RAUF para ti!
Como representante da classe de pessoas que usam a carteira no bolso de trás até que o couro marroquino (ou, mais recentemente, chinês) tenha aquele característico cheiro a queijo da serra, altura em que é aconselhada a sua substituição por forma a evitar desmaios sempre que sacamos dela, tenho alguns comentários a fazer a este artigo.

Em primeiro lugar, devo dizer que a hipótese de usar a famosa pochéte não é viável para quem não queira receber um apelido de florzinha para cima, independentemente da cor do referido acessório.

Em segundo, a quantidade de papéis e cartões inúteis dentro das carteiras só demonstra a nossa preocupação com o ambiente, porque esses documentos costumam perder a validade apenas quando estamos longe de um ecoponto. Também dão um pequeno indício sobre a quantidade de coisas que normalmente nos preocupa, dado que só de ano a ano, aproximadamente, nos lembramos de limpar a carteira de todo o lixo acumulado entretanto (normalmente, quando o volume em conjunto com o calor tornam a sensação de desconforto superior ao trabalho que dá a filtragem de conteúdo).

Por fim, um comentário ao comentário sobre transportar a carteira no bolso do casaco. Isso até pode ser uma opção durante os dois ou três meses de Inverno mas, a partir do momento em que a temperatura ambiente nos permite dispensar essa desconfortável peça de vestuário, o bolso de trás dos jeans torna-se a única opção viável para o efeito.

Espero que este comentário tenha lançado alguma luz sobre a indispensabilidade da carteira dos homens.
Anónimo disse…
I came across a cow inside my cheese burger! Should I take legal action? [url=http://tjenepengerraskt.blogspot.com/]tjene penger fort[/url]
Anónimo disse…
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